Transcrição: [Vinheta]
Agora: ONCB Entrevista. A Rádio ONCB dá voz a convidados especiais. Assuntos diversos, inclusão e acessibilidade. ONCB Entrevista.
Gustavo Torniero: Caçadores de estádios é o nome do projeto do casal Claudio Basoli e Carla Coimbra.
O objetivo? Reivindicar mais acessibilidade nesses locais. Já foram mais de 150 estádios e 20 países visitados.
Eu sou Gustavo Torniero e converso agora aqui na Rádio ONCB com o Cláudio.
Cláudio, como essas experiências têm impactado a sua vida pessoal e o cotidiano de vocês
enquanto casal? O que mudou desde quando vocês iniciaram esse projeto?
Cláudio Basoli: Olá ouvintes da Rádio ONCB e vou aproveitar a oportunidade para agradecer pelo espaço.
Bem, o projeto Caçadores de Estádios de Futebol mudou a minha vida. Ele impactou de uma maneira tão grande que até hoje eu não tenho noção de como eu, juntamente com a minha esposa Carla, conseguimos fazer tantas coisas, fazer tantas viagens e visitar tantos estádios.
Eu vou confessar para você que no começo eu era bem receoso por ser cadeirante na questão
de viajar, achava que as coisas não dariam certo e era bastante receoso, mas com o passar
do tempo a gente começou a encarar.
A gente vê que no aeroporto o staff ajuda bastante e resolvemos encarar. Eu sempre gostei muito de futebol e chegou o momento da minha vida que eu resolvi presenciar os jogos ao vivo porque eu só via pela televisão depois que eu fiquei cadeirante.
Então Caçadores de Estádios de Futebol é um projeto que abriu portas para isso e eu Vivo praticamente futebol 24 horas por dia, sendo assistindo o jogo, jogando no videogame e planejando viagens, porque nosso objetivo é conhecer novos estádios e mostrar como é a acessibilidade. Vivenciar experiências para ver se a gente consegue atrair mais cadeirantes para os jogos e reivindicar por melhorias.
Gustavo: Apesar de você ter uma deficiência física, o posicionamento de vocês é de que a acessibilidade nos estádios e em outros locais é um assunto de todo mundo, das pessoas com e sem deficiência. Queria que você falasse mais sobre isso.
Cláudio: Com certeza, quando a gente fala em acessibilidade não é só para mim, "o Cláudio", que sou cadeirante.
A acessibilidade também é importante para aquela pessoa que é obesa, que está acima
do peso e quando chega no estádio precisa de um banco mais largo para ficar bem acomodada.
A acessibilidade é importante para o idoso, porque um idoso não pode subir a uma escadaria. Então se tiver um elevador, se tiver uma rampa, vai beneficiar o idoso, vai beneficiar o obeso.
A acessibilidade precisa também beneficiar os autistas que precisam de uma sala sensorial. Vai beneficiar os deficientes visuais, que, como não conseguem visualizar a partida, precisam de alguma maneira para sentir o jogo, para participar do jogo.
E quando a gente fala em acessibilidade não é só a curto prazo, para beneficiar todos nós que
temos algum tipo de deficiência. A acessibilidade também é importante a longo prazo, porque você que está ouvindo essa entrevista nesse exato momento, pode não ter alguma deficiência, mas se você pretende envelhecer lá para frente, você vai perder suas forças, você vai se sentir mais cansado, então a acessibilidade vai ser importante para você. Pode ser que não seja agora, mas lá para frente você vai sentir na pele.
Gustavo: Cláudio, eu tenho certeza que embora o futebol seja sua paixão, transformar um hobby
em um projeto tem seus desafios. Quais são os próximos passos? É tornar o projeto financeiramente sustentável ou não, o objetivo é fazer essas análises de forma despretensiosa nos momentos de lazer?
Cláudio: Ah, foi uma ótima pergunta, porque as pessoas sempre ficam perguntando se nós temos patrocínio, se nós somos patrocinados, se nós temos o objetivo de fazer disso um meio
de vida, para buscar independência financeira. E a resposta que eu vou falar é não.
O projeto Caçadores de Estádios é como se fosse uma terapia para nós. Nós juntamos as nossas experiências, a oportunidade de poder viajar.
Existe um benefício no nosso país chamado Fremec. Ele é muito pouco divulgado pelas empresas aéreas, e acaba que a grande maioria das pessoas com deficiência não sabe.
O Fremec é um benefício que faz o acompanhante do deficiente pagar apenas 20% do valor da passagem que ele paga. Então isso ajuda muito nas nossas viagens.
O nosso objetivo é viajar para o máximo possível de lugares. Aqui no Brasil, dos 26 estados mais o Distrito Federal, nós já fomos em 19 estados mais o Distrito Federal, ou seja, já fomos em 20 estados do país.
O nosso objetivo é fechar os 27 estados do Brasil e pelo menos assistir uma partida de futebol, nem que seja em um estádio de cada estado do nosso país.
E o nosso foco é isso aí, é vivenciar a experiência, buscar melhorias, estimular outros cadeirantes, outros deficientes a irem aos estádios.
Gustavo: Cláudio, obrigado pela disponibilidade em conversar aqui com a gente.
Agora, para finalizar, deixa um recado final para os nossos ouvintes.
Cláudio: Nós que agradecemos a oportunidade e vou deixar um recado para todos os ouvintes.
Você que tem algum amigo PCD, algum amigo que seja cadeirante, deficiente visual, autista,
leve-o ao estádio. Inclua ele na sociedade. Futebol é inclusão, não é exclusão. Estamos juntos.
Cláudio Basoli conversou aqui com a gente sobre esse projeto, que já avaliou a acessibilidade
de mais de 150 estádios no Brasil e em outros países.
Se você ficou interessado, é só procurar lá no Instagram por "caçadores de estádios".
Aqui falou Gustavo Torniero para a Rádio ONCB, o som de todas as vozes.
[Vinheta]
Você ouviu ONCB Entrevista, na rádio que é o som de todas as vozes!